A Gaiola | Marcia Willett N'O Reino Encantado de uma Leitora

A Gaiola | Marcia Willett

9 de jan. de 2017




Por Larissa Almeida     
Em 09 de janeiro de 2017

Ninguém é capaz de prever o momento em que a vida está prestes a mudar de rumo. Felix Hamilton teve o seu ao conhecer a atriz Angel Blake. Dali em diante ele soube: sua vida nunca mais seria a mesma. Assim começa A Gaiola, segundo romance de Marcia Willett publicado do Brasil. A paixão que nasce entre os dois, no entanto, encontra empecilhos: Feliz está casado com Marina, uma mulher fria e possessiva, e tem medo de que ela o separe filho, Piers. Anos mais tarde, quando a filha de Angel, Lizzie, encontra Piers pela primeira vez, depara-se com uma família despedaçada que, incrivelmente, precisará dela para curar as feridas. Atravessando décadas e gerações, A Gaiola apresenta a história de um homem diante de um dilema de vida - ser verdadeiro consigo mesmo ou sacrificar-se pelas pessoas que ele prometeu proteger. E as consequências de suas decisões, só o futuro mostrará. Um livro que viaja deliciosamente pelo passado e pelo presente dos personagens, mostrando como tudo na vida está ligado às escolhas realizadas.
3ª Resenha do Reino Encantado

A Gaiola | Marcia Willett | 2011 | Bertrand Brasil | 406 páginas


Minha opinião sobre este livro:

Ganhei este livro de presente de aniversário (de 17 anos) e me apaixonei à primeira vista pela capa: os pássaros, as flores, a gaiola, as cores, os desenhos e as letras em auto-relevo, simplesmente amei. Apesar disso, e de eu costumar ler livros ansiosamente apenas pela beleza da capa, adiei a leitura dele e o deixei de lado na estante por um bom tempo. Eu não conhecia a autora, nunca tinha lido um livro dela, nem lido sobre ela, então me senti um pouco receosa em ler (na época que ganhei eu estava fugindo de livros de romance). Mas saber que eu tinha deixado de lado aquele presente delicado me fez querer deixar o receio de lado e iniciar a leitura. Porém, confesso que este foi um dos livros que mais demorei para concluir a leitura, ou, ao menos, para conseguir engatar a leitura. Eu lia um ou dois capítulos numa semana e parava, dando preferência a outro enquanto dizia para mim mesma que o leria em seguida. Não sei quanto tempo levou, quase um ano talvez, para eu finalmente agarrar com unhas e dentes A Gaiola e o ler sem pausas ou desculpas.

Este livro é uma delícia de ler. Me surpreendi e fiquei encantadíssima com o enredo que a Marcia Willett criou para esta obra e com o seu modo de escrita bem delineado e sem enrolação. Personagens autênticos com personalidades fortes e bem definidas; impossível não se apaixonar e torcer por todos, praticamente. Se você estiver querendo o ler, já prepare o coração e espere por fortes emoções. Eu derramei uma lágrima ou duas durante a leitura.

Eu mencionei na resenha que escrevi sobre o livro A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista, de Jennifer E. Smith, a raridade com que um livro me faz sentir uma sensação de completude e A Gaiola fez eu sentir a mesma sensação curiosa que mencionei lá do título dar vida à história e não o contrário.

A gaiola fora o apelido dado à casa alta e estreita no início da década de 1960, tão logo a agência soube que ali moravam três mulheres, uma delas chamada Pidgeon, que significa "pombo" em inglês.


Basicamente conta a história de Lizzie Blake, filha de uma linda e talentosa atriz, a Angel Blake, que ainda criança percebe as visitas cada vez mais frequentes de um certo homem na casa - estranha e curiosamente chamada de A Gaiola - que morava com sua mãe e a amiga dela, Pidgeon (ou Pidge para os mais íntimos). Ela era somente uma criança quando Félix Hamilton começou a visitar sua mãe. Lizzie, muito nova, não entendia o porquê daqueles encontros serem sempre às escondidas ou o motivo da sua mãe não poder se casar com Félix. Para ela, Félix era o homem mais gentil, carismático e divertido que conhecia e o que mais desejava no mundo era que ele fosse seu pai.
Porque sua mãe não se casava com Félix já que claramente o amava? Ela sabia que Félix a amava como uma filha. Ou ele não a amava?

Trinta e cinco anos depois, nos deparamos com uma Lizzie bem mais madura seguindo os passos da mãe ao se tornar uma atriz bastante famosa por seus trabalhos mas, em um certo ponto, se sente assombrada com o passado. O marido dela tinha falecido havia três meses, a única pessoa que ainda podia chamar de família já que perdera há algum tempo sua mãe e Pidge. Ela se vê, então, sem rumo e completamente sozinha no mundo apesar da fama que carregava. Se sentindo afundar cada vez mais, decide retornar à Gaiola, a casa na qual crescera e fora tão feliz. Contudo, ao entrar na casa nota que a pequena gaiola que sempre permanecera perdurada sobre o piano na sala - o símbolo daquela residência - não estava mais lá. Após esse choque inicial, aos poucos, as memórias do passado vivido ali ressurgem, fazendo-a se lembrar dos momentos felizes que tivera junto à mãe, Pidge e Félix.

Esta ida, em memórias, para o passado e o desejo de conseguir respostas para suas perguntas antigas, a motiva, num arrombo de ansiedade e receosa esperança, a viajar para Dunster, local onde o amante de sua mãe morava; aquele que ela não via desde os 11 anos de idade e que um dia amou como somente uma filha amava um pai.

Félix, agora idoso, mora sozinho em um apartamento e recebe raramente a visita do filho, Piers. Mesmo após tantos anos, Piers ainda guarda ressentimentos pelo fato do pai ter traído a mãe com a atriz, Angelina Blake. Quando Marina Hamilton, uma mulher muito possessiva, fria e perigosamente ciumenta, descobriu que estava sendo traída pelo marido, lhe fez um ultimato: ou ele rompia a relação com a amante, ou se divorciava dela e nunca mais veria o filho. Félix se viu, então, dividido por uma difícil escolha.

Este livro é dividido em três partes: a primeira nos mostra como Angel e Félix se conheceram, mostra o modo como o relacionamento deles evoluiu até se encontrarem emocionalmente envolvidos. Ou seja, apresenta a essência, o início, da história que é desencadeada pelas atitudes de Félix em relação à própria família e a sua relação com a amante; na segunda parte, trinta e cinco anos depois da difícil decisão que Félix foi obrigado a ter, muita coisa aconteceu e novos personagens surgem na história, apresenta também os ressentimentos de Piers para com seu pai e o início da busca pelo passado de Lizzie; já na terceira parte, descobrimos os acontecimentos e reflexos na vida das personagens ao serem confrontados com a presença dela e o que ela representa - ou representava.

O único ponto negativo, na minha opinião, do livro foi a inclusão da história de Gemma e Guy que acabou sem quaisquer conclusões. Acredito que poderia ter sido melhor desenvolvido na obra.

Este é um livro que fala sobre traição, amor, escolhas, ressentimentos, perdas e sobre o poder da redenção. Intercala o passado e o presente de uma maneira incrível, sem criar confusão na narrativa. Amei apesar de particularmente não ser o estilo de livro que eu escolheria ler sem a ajuda de uma recomendação externa. Só tenho que "reclamar", entre aspas mesmo, do final, pois não foi o que eu esperava ao deixar um ar de precisa de uma continuação. Foi um final muito vago para uma história tão densa e intrigante quanto esta. Se não fosse por este detalhe teria entrado para minha lista de livros favoritos.


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2 comentários

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