O Homem que Calculava | Malba Tahan N'O Reino Encantado de uma Leitora

O Homem que Calculava | Malba Tahan

9 de jan. de 2017




Por Larissa Almeida     
Em 09 de janeiro de 2017

As proezas matemáticas do calculista persa Beremiz Samir - o Homem que Calculava - tornaram-se lendárias na antiga Arábia, encantando reis, poetas, xeques e sábios. Neste livro, Malba Tahan relata as incríveis aventuras deste homem singular e suas soluções fantásticas para problemas aparentemente insolúveis.
O Homem Que Calculava - um clássico brasileiro, já traduzido para o inglês e espanhol - mantém o valor pedagógico comum a toda a obra de Malba Tahan, que, sem perder o clima de aventura e romance da terra das mil e uma noites, ensina matemática por meio da ficção.
5ª Resenha do Reino Encantado

O Homem que Calculava | Malba Tahan | 2001 | Record | 304 páginas

Favoritado!

Minha opinião sobre este livro:

Este é mais um livro que ganhei de presente (no meu aniversário de 15 anos) e se tornou uma das obras mais cativantes e intrigantes que já tive o prazer de ler na vida. Assim como A Gaiola, de Marcia Willett, O Homem que Calculava não seria uma escolha minha de leitura sem ter a ajuda de uma recomendação externa.

Esta obra narra as aventuras matemáticas de Beremiz Samir, um jovem árabe que descobre possuir uma extraordinária habilidade matemática ao pastorear ovelhas e calcular folhas de árvore. Durante suas andanças pelas paisagens áridas do Oriente Médio, ele encontra o bagdali (quem é natural de Bagdá), Hank Tade-Maiá, o narrador do livro, que nos apresenta os feitos extrordinários de Beremiz enquanto viajam em direção à Bagdá.

Ao longo da viagem, os dois encontram diversas aventuras e desafios numéricos onde a mente do jovem calculista é posta à prova e recebem as mais variadas recompensas ao solucioná-los.
Cada capítulo narra uma nova aventura com novos personagens e, com ela, um novo desafio matemático que Beremiz Samir resolve de maneira brilhante e até mesmo divertida. Confesso que me peguei analisando várias vezes as resoluções simples e poéticas expressadas por ele ao longo da história. Beremiz consegue de uma forma bastante impressionante romancear os números e as operações matemáticas. Faz você sentir que não só está realmente compreendendo o problema como também aprendendo assuntos novos (mesmo que não sejam tão novos assim).

Quando os desafios eram propostos, eu sempre parava a leitura e tentava adivinhar como o matemático iria resolver mas, é claro, acertei nenhuma, apenas passei perto de duas ou três resoluções - algo que me deixou muito satisfeita.

A geometria existe por toda parte. No disco do sol, na folha da tamareira, no arco-íris, na borboleta, no diamante, na estrela-do-mar e até num pequenino grão de areia.


O jovem amigo do protagonista encontra pessoas importantíssimas e a todos impressiona com sua inteligência e didática ao ser confrontado com problemas como a disputa de três herdeiros pela herança de 35 camelos (como fazer a correta divisão?), os desafios dos sete sábios, entre inúmeros outros. Uma dessas pessoas importantes é o Califa, quem o contrata como professor para a filha, Telassim, ao se impressionar com a perspicácia do rapaz.

O que mais gostei neste livro, além da diversão que os desafios me fizeram sentir, foi a aura mágica e quase transcendental que permeia todo livro; aura esta que só os contos árabes possuem. Enquanto lia, eu era constantemente teletransportada para a Arábia das Mil e uma Noites - livro que tanto amo. Por isso e pela perfeição com que escreveu esta obra no estilo de contos árabes, demorei a descobrir que Malba Tahan não era, de fato, árabe. Fiquei verdadeiramente surpresa quando descobri que ele é, na verdade, o pseudônimo de Júlio César de Mello e Souza, um brasileiro.

A única coisa que achei estranho, mas que para a narrativa ter mais sentido foi necessário, acho, foi o fato do Hank acabar de encontrar um jovem rapaz - rapaz este que não sabemos de onde veio, para onde vai ou qual objetivo de vida - e simplesmente o seguir para todos os locais, ganhando prêmios pelo simples fato de ser amigo do brilhante matemático. É como se Beremiz Samir não fizesse realmente parte da história mas tivesse sido jogado ao léu enquanto Hank, como narrador, não tem voz nem vez. É um pouco desconcertante, na minha opinião.

Dito isso, você pode me perguntar porque então eu favoritei este livro se os personagens não têm muita profundidade nem personalidade. Favoritei pois esta obra reflete de maneira extraordinária e simples a geometria, a álgebra, a aritmétrica; matérias comumente odiadas nas escolas. Favoritei pois, para mim, a verdadeira e única personagem é a matemática e ela, sim, foi brilhantemente escrita, delimitada e explorada.
Totalmente recomendo a leitura. Com este livro você aprende sobre a história da matemática, descobre como ela pode ser interessante e divertida, conhece um pouco sobre os grandes nomes por detrás dela e aprende também sobre a cultura do Oriente Médio enquanto está sob o sol quente do deserto da Arábia.


Adicione na sua estante!

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